Para a cultura grega, onde se elaborou melhor a ideia de discípulo, à palavra mathēteuō (tanto a “discipular” como “discípulo”) significava, literalmente, “fazer alunos” ou, em seu substantivo, “aprendiz”(1). Os latinos trariam à palavra discere “aprender”, como uma forma duplicada da raiz dek : tomar — à parte — aceitar. Portanto, “discípulo”, seria uma pessoa “que segue outra, com o propósito de aprender” (2), a fim de tomar, ou tornar-se parte de determinada doutrina (ensinamento).
Na cosmovisão (worldview) cristã (3), um discipulado seria algo muito mais profundo e transformador, um verdadeiro convite de Deus a nos permitir ir além de nossas limitações, crenças e sonhos, deixando-nos pela fé — confiança — caminhar com Ele:
Internamente: à melhoria de nosso caráter, primeiramente e, por/em consequência,
Externamente: à melhoria de nossa personalidade, e relação com o mundo a nossa volta.
Sistematicamente (4), um discipulado cristão visa assumir:
O papel transformador de melhorias em todos os setores da interação humana, de forma:
1. Intrapessoal: consigo mesmo;
2. Interpessoal: com seus pares;
3. Extrapessoal: com a comunidade;
4. Suprapessoal: com as estruturas governamentais e político-sociais que norteiam sua comunidade, estado, país e mundo.
No seu clássico mandamento ao discipulado cristão em Mt. 28:19 (5), valho-me de uma ampliação literal interpretativa (6), ponto a ponto:
Siga o "Caminho"[poreuō]: "a Verdade e a Vida": os ensinamentos de Jesus(7),
consequentemente [oun],
ensinando seus aprendizes, ao ponto de serem discípulos de Cristo, replicando esse processo, uns com os outros, [mathēteuō],
em todas as etnias [etnia/ethnos]"(8): formas de pensar/acreditar, se comunicar, agir e se identificar, existentes na terra (9).
Uma vez dispostos a serem verdadeiramente transformados, Batize-os [baptizō] (10),
em nome [eis ho onoma] (11) , ou seja, na autoridade e reconhecimento
do Pai [patēr], cuidador, originador e transmissor de toda virtude transformadora e sabedoria(12),
do Filho [yhios], nascido de novo, para ser moldado ao caráter do Pai(13)
e do Espírito Santo, pelo “poder e a agência de Deus” a (fim de) preencher-se [pneuma] de “dons e talentos” (14) “puros, moralmente irrepreensível, consagrados” (15).
“Ensinando-os a observar todas as coisas que vos tenho ordenado; e eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo. Amém.” (16)
Referências